Os “cyberpartisanos” belarussos são perigosos para o regime de Lukashenka?

Baseado no artigo da agência Bloomberg e entrevista na Rádio Svaboda, falamos sobre os “cyberpartisanos” belarussos que hackeam servidores do governo para obter acesso a informações oficiais e confidenciais.

Os “cyberpartisanos” surgiram em Belarus há um ano e afirmaram que apoiavam os manifestantes no país. Eles declararam suas três metas: coletar informações sobre as estruturas de segurança, funcionários do governo ilegítimo e seus crimes, mostrar a natureza “podre” do regime e derrubar o regime de Lukashenka.

Um representante dos “cyberpartisanos” disse à Bloomberg que o grupo tem 15 membros (a maioria são belarussos que trabalham na área de TI): cerca de quatro pessoas focadas diretamente em sistemas de hacking, o restante está envolvido na análise de dados e outras tarefas.

Os “cyberpartisanos” começaram da inofensiva substituição de imagens em sites oficiais e publicação de listas de funcionários de segurança. Mas no final de julho de 2021, como parte da operação especial multinível Jará (Calor), eles hackearam uma série de bancos de dados do Ministério das Relações Interiores, conseguiram acesso aos bancos de dados do Sistema de Informação Automatizado “Passaporte”, serviço 102 (chamadas de emergência da polícia), dados do serviço de segurança interna do Ministério das Relações Interiores, da polícia de trânsito e um servidor de gravação de vídeo com drones do Ministério das Relações Interiores. Depois de obter acesso aos servidores do Ministério das Relações Interiores com gravações de escuta telefônica, os hackers conseguiram um acervo de áudio com duração total de até dois milhões de minutos.

De acordo com especialistas, é difícil avaliar as consequências dos ataques cibernéticos até agora, mas a longo prazo elas podem ser significativas: as informações coletadas podem ser usadas para impor sanções contra o regime belarusso ou mesmo para processar Lukashenka.

A propaganda oficial acredita que os serviços de inteligência estrangeiros estão por trás das atividades dos cyberpartisanos. Os próprios cyberpartisanos negam isso: “Associar-nos a serviços especiais estrangeiros é uma tentativa da KGB, do Ministério das Relações Interiores e do Centro de Operações e Analítica de justificar perante o usurpador a sua incapacidade de nos combater. Eles não admitirão que o regime está perdendo a guerra cibernética para seus próprios especialistas em TI”.

Os cyberpartisanos disseram estar colaborando com outros grupos de resistência e passando da investigação para as operações subversivas. Eles estão se movendo em direção ao chamado momento X – um período em que as operações cibernéticas serão combinadas com protestos em massa tomando as ruas, o que o grupo espera que leve à derrubada do regime de Lukashenka.

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